Resenha: Traços

06/03/2020

Se você está procurando por uma leitura aconchegante, fofa e animadora, então Traços é o livro perfeito para você!

Sinopse : Quando Matheus aceitou acompanhar Beatriz na festa do colégio, jamais imaginou que terminaria a noite participando de um ritual místico (de veracidade duvidosa) para saber o que o futuro reservava para ele e a amiga. Assim que as velas que os cercavam se apagam e uma resposta esquisita encerra a cerimônia, Beatriz leva o resultado a sério e entende que deve fugir da cidade pequena para se encontrar com seu destino nas ruas da capital de São Paulo. Perdido no meio de tudo, Matheus é obrigado a repensar o que considera certo ou errado quando é convidado para participar do plano maluco de fuga e decide que precisa passar por cima dos limites impostos pelos pais para finalmente ser capaz de entender quem realmente é. Os dois amigos partem sozinhos para São Paulo e carregam consigo não somente as malas nas costas, mas também o peso de todos os problemas que achavam que estavam deixando para trás. Sem ter ideia do que estão enfrentando, Matheus e Beatriz descobrem mais sobre si mesmos, criam, quebram laços e encaram desafios que jamais pensaram que confrontariam enquanto contavam as moedas para realizar esse grande plano que iria mudar suas vidas

Resenha: A literatura infanto-juvenil nacional nunca fez tanto sucesso como tem feito nos últimos anos. E jovens como Eduardo Cilto são grandes influenciadores nesse processo.

Neste livro reconfortante, o autor nos dará uma aventura pautada no desejo por novas experiências onde dois jovens, Matheus e Beatriz, decidem fugir para a grande São Paulo.

O personagem Matheus, infelizmente, caiu na famosa "friendzone" e é secretamente apaixonado por sua amiga Beatriz - talvez nem tão secretamente assim, já que quase todos percebem esse fato menos a própria garota.

O livro começará com alguns capítulos nos integrando da rotina de Matheus e, logo após, o momento em que sua melhor amiga decide fugir para encontrar um famoso youtuber que tem se salientado em seu estilo de vida. Acontece que fugir para a cidade grande acaba não sendo fácil.

Só na viagem eles já encontrarão diversos problemas e perigos. Você, leitor, acaba esperando que o perigo se faça presente na cidade em si mas, surpreendentemente, não apenas. Durante a trajetória, Matheus acaba conhecendo muito da rotina de outras pessoas, além da realidade de diversos lugares.

Quando chegam a cidade encontram um lugar para ficar: a casa de uma antiga amiga de Matheus. A amiga, Samantha, acaba sendo de grande ajuda e apoio nessa aventura, mas particularmente para Matheus. Enquanto Beatriz tenta insistentemente ir atrás de seu ídolo, o garoto está preso nessa espiral que o leva de um extremo ao outro - o conflito de não poder ser quem realmente é ao lado dos pais; a vontade de ser inteiro; o desejo de criar seus próprios passos. Neste momento percebemos a grande mensagem que o autor irá passar.

- Você é maluca!
- Sou?
- Totalmente!
- Então tá tudo certo - Ela se gabou. - Pessoas normais me fazem bocejar de sono. "

O real significado do título nos é revelado de forma bem emocionante. Quando Matheus decide desabafar com Samantha sobre a morte de seu irmão - que era homossexual e foi assassinado a pedrejadas -, a amiga lhe dá uma ótima filosofia de vida. Matheus, que adora tanto os quadrinhos, deve entender que está na hora de começar a traçar sua própria história ao invés de tentar se enquadrar nos contornos de outros HQ's.

Ele não recebe apoio dos pais para o que deseja; com o tempo vemos certas características acentuarem isso - como o fato de seus pais não se comoverem com o assassinato do filho homossexual e até mesmo não se redimirem pelo preconceito.

Matheus é quem deve traçar a própria história por meio desses "traços"; cometer seus próprios erros e loucuras.

A trama trará uma reviravolta super intensa para o final que colocará os adolescentes em reflexão definitiva sobre tudo pelo qual têm passado.

A personagem por quem, eu imagino, a maioria dos leitores criam afeto é Samantha. Ela é carismática, companheira e sabe aproveitar toda a liberdade que a vida dá - mesmo com todos os empecilhos. E seu final é simplesmente o que mais me tocou.

Eu sou a única pessoa que vive minha vida. "

Matheus e Beatriz então partem para caminhos de uma nova vida : mais do que ninguém, saberão daquilo que precisam, afinal era tudo questão de se livrar de algumas amarras.

Quem é que nunca teve amarras das quais se livrar para viver de verdade, não é mesmo?

Pieme Ariel.