Resenha: O Reencontro

24/03/2020

Sinopse: "O reencontro" é uma história de uma devoção intensa e inocente entre dois jovens amigos que crescem juntos no interior da Alemanha e são separados pela ascensão do nazismo. Para a família de Hans Schwarz, judeu, a perseguição é temporária, passará como "uma doença". Na cômoda da mãe de Konrandin von Hohenfels, seu aristocrático amigo alemão, o retrato de Hitler tem lugar de destaque. Àquela altura da vida para eles o Holocausto era impensável. Escrito em 1960, não é um livro autobiográfico, embora contenha elementos de vida do autor.

Resenha: Esta brilhante obra retrata o holocausto aos olhos de um garoto de dezesseis anos - tendo vários aspectos inspirados nas vivências do próprio autor. Contará a história de Hans e seu melhor amigo Konradin. Porém,há muitas características que divergem do famoso clichê judeu-amigo-de-alemão ao qual nos habituamos em "O Menino Do Pijama Listrado". (Resenha: O Menino do Pijama Listrado )

 O que eu, filho de um médico judeu, neto e bisneto de rabinos, vindo de uma linhagem de pequenos comerciantes e negociantes de gado, poderia oferecer a esse jovem de cabelos dourados, quando apenas seu nome provocava tanta admiração em mim?

Uma grande prova disso é o fato da família de Hans nem ser propriamente devota a religião judaica e suas tradições - apenas sendo influenciados por um ou outro hábito. Isso muitas vezes chega a ser quase nada quando a família demonstra seu afeto pela Alemanha nazista.

Acho que meus pais eram belos espécimes físicos. Meu pai, com sua testa alta, cabelos grisalhos e bigode bem aparado, tinha um ar distinto, e sua aparência era tão pouco "judia" que uma vez, num trem, um oficial o convidou para entrar no Partido Nazista.

Hans é quem irá narrar a história. O autor retrata tudo aos olhos de um adolescente ingênuo que ansiava por um amigo de verdade. Estando ele na escola, podemos compreender como era para os jovens que estavam sendo moldados em seu âmbito de aprendizagem em pelo Terceiro Reich. Em certo capítulo Hans irá contar sobre um professor novo que chega ao colégio e começa a discorrer sobre as teorias de que a raça ariana deixou para todos um brilhante legado, "florescendo" a civilização como a mais pura da humanidade. E logo mais, quando Hans é insultado por um aluno, o mesmo professor defende o agressor e afirma que aquilo que o aluno havia dito não passava de um conselho: Hans deveria voltar para o lugar de onde veio.
 A amizade entre Hans e Konradin era tudo o que ambos precisavam: sinceridade, apoio e companheirismo. Até um momento em que deixa de ser. De repente ter ascendência judia era motivo de humilhação para Hans e ele simplesmente não compreendia. As pessoas começaram a se afastar, inclusive seu melhor amigo - aquele que ele pensou ser para a vida toda, com suas coleções de tesouros e livros; sua família renomada, íntima de Hitler.

 Ali estavam eles, juntos, superiores, para que as pessoas os admirassem boquiabertas, como um direito que novecentos anos de história lhes conferiam.

Hans vê sua amizade afundar no momento em que Konradin diz concordar com as ideologias do Fuhrer e até mesmo sugere que Hans talvez devesse ir embora e voltasse quando a Alemanha fosse uma nova nação, poderosamente liderada pelo sábio Adolf Hitler.
 Diante disso, os pais de Hans decidem mandá-lo para Nova Iorque, viver uma nova vida.

[CURIOSIDADE PARA VOCÊ SE INTERESSAR AINDA MAIS PELO LIVRO!]
(trecho de quando Konradin desabafa com Hans a respeito da amizade de ambos)
"[...] Mas sou covarde. Simplesmente não queria vê-lo magoado. Mas não sou o único culpado; é difícil para qualquer um não frustar suas ideias sobre amizade! Você espera demais dos simples mortais, Hans, tente entender e me perdoe. Vamos continuar amigos."

De primeira o título não irá te passar nada do que a história carrega, mas ao final você irá captar a mensagem á sua forma. Os cenários e os pensamentos do personagem narrador trazem uma narração eloquente e significativa, trazendo um novo olhar sobre o holocausto.

 Minhas feridas não cicatrizaram, e lembrar-me da Alemanha é como tocar nelas.

 E caso você seja o tipo de pessoa que gosta de espiar a última página do livro, saiba: estará comprometendo toda a trama fazendo isso!
#superindicado
                                                                                                             Pieme Ariel.

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