Resenha: O Livro Negro de Thomas Kyd

23/03/2020

Sinopse: Thomas Kyd mora na cidade portuária de Plymouth, na Inglaterra. Demitido do emprego na cozinha de uma taberna, consegue realizar seu maior sonho: entrar em uma frota de navios para uma longa viagem marítima pelos novos mundos. E não se trata de uma frota qualquer. O comandante é Thomas Cavendish, o navegador mais célebre de seu país, que pretende, pela segunda vez, fazer a viagem de circum-navegação do globo. Durante a travessia do Atlântico, Thomas Kyd se maravilha com fenômenos naturais, animais marinhos e tempestades violentas. Depois de muitas aventuras, chega ao Rio de Janeiro. Ao longo da viagem, sua visão de mundo se transforma pelos novos saberes gerados pelos Descobrimentos, pelas diferenças culturais e políticas entre os povos, e pelo amadurecimento de suas próprias expectativas e conceitos.

Resenha: "O Livro Negro de Thomas Kyd", primeira obra de ficção da autora Sheila Hue, irá apresentar a brilhante jornada de Thomas Kyd - um jovem que até então não tinha onde cair morto. Thomas Kyd - que chamarei de Tom para que não se confunda com o comandante também chamado Thomas - ganha a chance de participar da tripulação de uma frota de navios famosa (liderada por Sir Thomas Cavendish), que pretende dar a volta ao mundo. Ao longo de sua viagem encontrará diante de seus olhos o Novo Mundo e suas curiosidades: animais exóticos, comidas peculiares, culturas estranhas e as formas mais puras da natureza em formatos e tamanhos diversos.
 Cada capítulo contará uma de suas aventuras, nos entretendo com seus descobrimentos pelas coisas intrigantes da época.

 Em determinado momento de nossa viagem, alguma coisa aconteceu. O vento subitamente parou. Desceu sobre nós um terrível bafo quente, como se as bocas do inferno tivessem se aberto e soprado sobre nós um vapor escaldante.

Lembrando de que estamos falando de uma viagem ocorrida em 1591. Consegue imaginar as incríveis sensações de viver em uma época de descobertas como esta?
 A autora se inspira na história real da frota de Thomas C. para trilhar as aventuras destes homens - em especial Tom, onde você presencia as marcas indubitáveis do século XVI. Marcas estas como as  crenças dos tripulantes que navegavam, as lendas, o descobrimento de culturas - a ideia de que em alto mar você corre o risco de conhecer sereias, monstros e enfim o inferno.

E essa foi a primeira coisa espantosa que observamos: a pobreza. O Novo Mundo, ao contrário de tudo o que eu tinha ouvido, não era uma terra rica.

Em meio as aventuras Tom fará amizade com Cosmus e Cristopher : dois asiáticos "adotados" por Cavendish em sua última viagem. Juntos passarão por episódios inconcebíveis aos seus sensos comuns. Como conhecer Setebos, o Gigante (um dos meus capítulos favoritos).

 O horror tinha se instalado naquela noite furiosa, em que não enxergávamos nada a não ser nossos pecados.

 Além da dupla asiática, há também um grande personagem que se destaca na vida de Tom: Andrew Towers. Sempre aparece para mudar o rumo do destino do garoto - sendo muitas vezes esse destino a morte. Towers está ali a todo momento, salvando sua vida e lhe dando oportunidades de subir mais um degrau nessa encruzilhada.


 Towers, que pela primeira vez me olhou nos olhos, e mesmo aquele seu olho ruim, onde diziam que morava um espírito maligno, mesmo aquele olho me olhou.

Acabei por perceber que Towers tinha algum propósito secreto ao me incumbir de fazer aquilo. Talvez fosse a sua maneira de educar um menino para a vida no mar.

 A história dos percursos marítimos praticamente segue á risca os relatos reais que existem sobre a frota, basta você fazer uma pesquisa mais a fundo. Porém neste livro você encontrará toda a emoção narrada pelo querido Tom, do qual aparentemente já estou íntima (rsrs).
 
[CURIOSIDADE PARA VOCÊ SE INTERESSAR AINDA MAIS PELO LIVRO!]
(notas da autora)
"Setebos é o nome de um deus dos patagones segundo o relato de Antônio Pigafetta, piloto de Fernão de Magalhães, e é o nome do gigante de "A Tempestade", peça de W. Shakespeare, personagem inspirado no relato de Pigafetta.
 Os patagones, que se autodenominavam aonikenk, realmente existiram e eram excepcionalmente altos se comparado aos europeus, de baixa estatura. Cobriam-se com mantos de pele, o que os tornava ainda maiores. Esses mantos podem ser vistos em museus na Patagônia."

"As memórias de Thomas Kyd levam o título de "livro negro" porque é como se fizessem revelações secretas ou proibidas sobre os temas de que trata, contrariando as ideias preconcebidas e preconceituosas dos homens da época sobre os novos continentes, suas terras e seus povos." 
E aí? Essa história emocionante chamou sua atenção?

Minha história até então tinha sido uma história de aventuras, mas também de perdas. Pouco me reconhecia naquele menino de Plymouth que queria fazer fortuna no Novo Mundo, sonhando com sereias e ouro.

                                                                                                             Pieme Ariel.

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