Resenha: Amor Fora do Ar

03/05/2020

"Amor Fora do Ar", publicado no Brasil em 2015, atraiu muitos leitores pelo seu estilo e me foi indicado por várias amigas no ano passado  - mas confesso que adiei bastante. Contudo, foi minha primeira leitura de 2020 e decidi compartilhar com vocês o que achei sobre.

Sinopse: Ele era alto, pelo menos 1,80, com cabelos loiros sujos que pendiam sobre os olhos. Sua camiseta dizia 'Nietzsche é o meu garoto'. Então, esse era Matt. De quem Julie Seagle gosta. Muito. Mas há também Finn. Que ela ama. Complicado? Estranho? Completamente. Mas, realmente, como esta recém-transferida estudante de Boston e caloura da faculdade deveria saber que ela acabaria vivendo com a família de uma velha amiga de sua mãe? Isso tudo deveria ser temporário. Não estava previsto Julie ser tão importante para os Watkins, nem se apaixonar pelos irmãos Matt e Finn. Especialmente Finn, que ela nunca viu pessoalmente. Mas isso realmente importa? Finn a entende como ninguém nunca o fez antes. Eles têm uma conexão. Mas esse é o caminho do amor, em todas as suas estranhas mudanças, ele sempre coloca algumas curvas. E ninguém escapa ileso.

Resenha: Julie é uma garota que se considera inteligente e capaz o suficiente para ir estudar numa faculdade longe de casa; num lugar onde possa se encaixar melhor.
 Boston é seu lugar de escolha, porém alguém lhe passa a perna no aluguel de apartamento. Julie então se vê obrigada a morar de favor na casa de uma velha amiga de sua mãe.

 Seria bom finalmente estar confortável em admitir que ela era louca por literatura, que achava que se envolver com um livro era reconfortante , e que não queria nada mais do que se aprofundar em discussões animadas em sala de aula.

A família Watkins é de cara acolhedora e amigável, mas também peculiar. Há segredos e problemas não resolvidos que Julie passa a querer desvendar para consequentemente ajudar no quer que seja, retribuindo pelos favores que a família lhe faz.
Para mim, me pareceu muitas vezes o contrário: que Julie fazia favores constantes á família. Quando os pais e o irmão mais velho, Matt, estavam muito ocupados em trabalhos e estudos avançados, a filha mais nova era deixada sob os cuidados de Julie. E então, quando Julie sentia que tinha liberdade para se envolver em suas histórias de vida, era afastada novamente.
A pequena Celeste, filha mais nova, é na realidade uma adolescente psicologicamente afetada e ciente das suas atitudes - algo que me frustrou bastante pois todos da família agiam como se ela estivesse presa em algo mais grave e necessitasse ser constantemente vigiada.
Julie passa a querer deixá-la mais livre dessa situação, o que se torna um forte motivo para descobrir o que de tão errado aconteceu num passado não muito distante.
 Nesse meio tempo ela irá se apaixonar por Finn, o irmão de Matt e Celeste, que está sempre viajando em altas aventuras pelo mundo, apenas conquistando Julie por mensagens de celular.

 Julie se conteve de continuar por esse caminho. Era ridículo. Pelo que sabia, Finn podia ser um horrível, nojento e desengonçado beijador. Eles podiam não ter química. Este jogo bobo on-line podia significar nada mais que um flerte tolo.
 Mas ela não pensava assim.

 Fica óbvio que a partir daí sua conexão com a família é bem forte - o suficiente para saber da verdade.
 Eu já imaginava que o plot teria algo relacionado á Finn pois recebi alguns spoilers, mas não foi nada do que imaginava - até demorei um pouco para entender.
 Mas acontece que esse final não me agradou muito. Fiquei um tanto decepcionada com a forma como todos - definitivamente todos -  agiram depois do plot.
 A ideia que a autora traz com a obra é muito bacana mas o final tira muito do brilho da história. Ao meu ponto de vista, foi um final bem construído mas pouco intenso. Para mim teria sido mais satisfatório um final onde o processo de superação do "grande trauma" desafiasse sim qualquer coisa - menos o caráter dos personagens.


(SPOILER)
Infelizmente não consegui romantizar a trama e vê-la de forma "fofa" depois do segredo ter sido revelado.
 Finn esteve morto durante todo o tempo em que Julie teve conhecimento de sua existência. Ela conversava com um suposto Finn e o tempo todo era seu irmão, Matt. Isso para mim foi, no mínimo, muito errado; um pouco egoísta de parte da família envolver Julie em meio a traumas do passado sem nem mesmo agir com honestidade.
 Matt admite ter segurado as rédeas da situação durante todo o tempo, tentando se tornar o oposto de Finn sempre que possível. Porém tudo isso bate de frente com o fato de que ele se passou pelo irmão morto em uma rede social, consequentemente não sendo inteiramente quem ele realmente era, correspondendo o amor de uma pessoa que não tinha consentimento disso.
 Contudo, achei muito interessante a sabedoria de Julie na forma de perdoar Matt e a família, apenas não me deixando contente a agilidade na volta do casal.
 Seria mais reconfortante a ideia de um perdão e confiança construídos com o tempo.

Porém gostaria de lembrar que estas são as minhas opiniões! Eu jamais diria "não leia esse livro", pois sei que cada um tem sua visão sobre as coisas. Então fica aqui minha interpretação da trama; fique a vontade para discordar e dizer nos comentários o que acha. E se você ainda não leu "Amor Fora do Ar" se proponha sim a essa experiência.

É como se ela estivesse trancada em um lugar, e, agora, finalmente vê que o movimento é possível. Ela não tem certeza de para onde se virar ainda, mas consegue ver as opções.


                                                                                                             Pieme Ariel.
 

 

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